quinta-feira, 31 de julho de 2008

Éter

Dor d'alma, incauta
Ao desconhecido à frente,
Busca no olhar do presente
O brilho que já lhe falta.
Digita "ajuda"
Na brônzea tez - "Me alente!",
Desliza no corpo quente
E foge do frio, desnuda.
O arfar do peito
Quase destrói-me a calma;
Tantos riscos, tantos traumas...
Ao mirar o duro leito,
Travo os meus pensamentos.
No ar, já ecoa o canto;
Na terra, escorre-se o pranto;
Mar é o coração em tormentos.
Tantos nomes, tantas sortes,
Nas entradas e saídas,
Relembram o rumo da vida -
O fim incerto da morte.
Mais um para a lousa fria.
"Acabou". Engano. O laço
Apertou-me, parou meu passo,
Buscou minha face sombria,
E então me disse: "Perdoa!"
Maldita, maldita gota,
Nasceu da vontade rota
De vê-lo, e não vê-lo mais!
De novo, serei a canoa,
o vôo alto da gaivota,
abrigo, direção, rota,
o brilho que aponta, o cais...