sábado, 17 de novembro de 2012

Sonhos de sal

Palavras vazias avançam e recuam
Ressaca na areia surrada
Brilhos mínimos, vidrilhos,
Não valem mais nada entre nós
E o doce som de sua voz
Revela a distância abissal
Que por mui mal aprendi

Tu teces mil redes, encantos e mantos
Recita teus prantos, mais leves que o ar
Distorce tuas faces, reflexo turvo
Em sujeira
Um farol distante, um outro ser errante
Os poros gargalham-se até chorar
Cortinas fechadas, coroas quebradas
Deposto de reino e nome na soleira

Olhos nus avistam um caminho, um porto,
Um marujo a sonhar, absorto,
Penumbra macia envolve o escarlate algodão
As fibras ondeam no baile;
Os dedos cogitam, em braile,
Se há profundeza na rebentação

Teus planos são planos, sem norte e sem cais
Sem desbravamentos, mas falas demais
Um redemoinho
Girando sozinho
Na boca do mundo
Não mapearei além de sua fronte
Se quiser, que me confronte;
Pego o meu leme e sigo sem tua mão

E se o tesouro é ouro de tolo, é naufrágio e lição