segunda-feira, 11 de julho de 2011

Sirena

Era o fim da ponte.
Cercada de areia estava lá,
A mesma espera, a mesma visão.
A água corria abaixo dos pés,
Numa dança caudalosa, verdeazulcreme
Algo serpenteava abaixo,
E guiava os calafrios naquele corpo esguio.
Havia gritos.
Era agarrada de novo, e envolta em braços desconhecidos.
Já não estava mais ali.
Suas escamas estavam no oceano,
Derretera-se de um modo que ninguém sabia
E ainda estava ali.
Seu tutor, auto-nomeado,
Olhava transtornado, e assim ficou,
Até o real dono reivindicar o que era seu.
Um abraço pela espera
Um beijo pela partida
Dos corpos, gritos e coisas improváveis
Naquele fim de tarde
Coisas que outros verão
Coisas que outros terão
E que nunca serão suas
Destinadas a viverem enterradas
Sob o verdeazulcreme
Ondeante, no fim do horizonte.

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