Não há em livros tais cantares tão castanhos
Quais pedras brutas sob águas da cor de chá;
Névoa comum, magia oculta para estranhos,
A qual ainda separa o teu "cá" do meu "lá"...
Se penso que te alcanço, vejo meu engano;
Retrais e voltas, só queres se divertir!
Tua prenda é o que me prende neste plano
Secreto, cujas razões só existem em si.
Lambuza os dedos, e outra vez contempla o ego
Inflado - sempre foi tratado a pão-de-ló.
A culpa é do tal sentimento alheio e cego
Mas a razão tateia; a honra, acaba o dó.
Ouço falares: "Mil canções eu te dedico,
Por ti percorro longas distâncias a pé"
Eu não estou - se queres alguém, te indico;
Segura o freio e engata a marcha ré.
Tua hipérbole passou da validade,
E ainda assim é repetida, por aí,
A fim de que outras almas tomem por verdade
Palavras vãs, como o sonho que comi.
Para evitar feições tristes, deixo mensagem:
Se queres carnaval, pegue um abadá
E cace desventuras em uma pastagem,
Não espere aqui ter quem te espere num sofá.
Sob o silêncio e o caminhar de madrugada
Eu te reparto em rimas e desprezo o pó
Ao tom que arde o coração da alvorada,
Ígneo e claro; outra vez, renasce, o sol.
2 comentários:
Gostei demais, moça. Vc nasceu pra escrever. Bjux! *-*
Oh. Grande Lady, água por que os poetas sempre estarão sedentes. Quem almeja boa lira, a leitura é obrigatória.
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